A pelapel é fruto maduro, um pouco exótico, ora sério, ora leve, aqui colorido, acolá sóbrio. Fruto rico, que, como todos os frutos maduros, traz dentro de si uma história.

Tudo começou com uma semente, assaz resistente, que caiu em solo seco. Terreno árido que as imobiliárias queriam vender sem cuidar. Por lá ficou durante dez anos.

Um projecto de nada, escondido até de nós mesmos. Esperou e esperou, com a paciência das boas ideias, até que a víssemos e retirássemos do seu deserto.

Sorte a nossa, que nos cansámos da terra pouco fértil que habitávamos. Foi talvez a semente a ensinar-nos. Precisávamos de mais, de solo fecundo, onde as nossas raízes pudessem crescer em harmonia com todas as outras, pudessem trocar nutrientes e vida — vida essa que viesse a acolher a pelapel.

Foi o que fizemos: umas árvores trouxeram da Amazónia a sabedoria de espíritos antigos; umas plantas trouxeram energias mágicas desde a Índia; oliveiras alentejanas abraçaram as novas amigas com a calma de um pôr do sol sobre o montado. E, no meio delas, e de tantas outras flores e ervas, a semente da pelapel começou a crescer.

Agora o seu tronco é robusto mas elegante, os ramos dançam com o vento sem nunca perder a integridade. Deste tronco e destes ramos nasce a pelapel, que bebeu da água e do amor que lhe soubemos dar, que se alimentou da partilha entre origens tão distintas e que encerra em si a sensação e a promessa de uma casa.

Mundo Pelapel

Próximo
Próximo

Mercedes Flor do Chiado